A União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio) teve uma daquelas sextas-feiras 13 que parecem querer confirmar a crendice popular. Os acontecimentos que atingiram o ápice neste dia já vinham se desenhando há algum tempo.
Desde o último leilão de biodiesel cresceu a informação de que algo não vinha bem na entidade e que a reunião marcada para a sexta-feira passada seria, no mínimo, tensa. Mas era difícil prever o que viria a acontecer, com cinco dos seis vice-presidentes do Conselho Superior renunciando e muitas outras usinas pedindo seu desligamento da entidade conforme noticiado em primeira-mão pelo portal BiodieselBR.
Considerando que 10 dos 50 associados da Ubrabio foram admitidos no dia 03 de maio, é possível afirmar que a entidade literalmente rachou ao meio.
Segundo Adilson Paschoal Montanheiro, diretor comercial da Bionasa – uma das várias usinas que se desligou da Ubrabio – o motivo por trás desse resultado surpreendente foi uma discordância em relação à gestão da entidade. O grupo dissidente queria que a associação adotasse um modelo de gestão profissionalizado o quanto antes. “Foram realizadas várias conversas preliminares para tentar adotar o modelo de gestão profissionalizado em até 60 dias, mas a reunião [de sexta-feira] foi se alongando e não teve uma objetividade nesse sentido”, conta.
{sidebar id=180}Foi então que, segundo Montanheiro, cinco dos seis vice-presidentes do conselho da Ubrabio renunciaram a seus cargos e puxaram uma onda de desligamentos da entidade. “Como entendemos a situação da mesma forma como esses ex-vice-presidentes, nós da Bionasa imediatamente pedimos o nosso afastamento da entidade e várias outras empresas seguiram esse mesmo caminho”, completa.
A BiodieselBR apurou que o primeiro a renunciar foi Alberto Borges da Caramuru. Em seguida veio a renúncia de Erasmo Battistella da BSBios, depois Geraldo Martins (Fertibom), Mike Castro (Ecodiesel) e o último vice-presidente a renunciar foi Silvio Rangel da Barrálcool.
O executivo da Bionasa negou que o foco do descontentamento do grupo tenha sido a gestão que o diretor da Granol, Juan Diego Ferres, tem feito como presidente da Ubrabio. “A entidade cresceu muito e nós somos empresários e executivos que temos responsabilidades com as nossas empresas. Essa foi uma divergência de ideias e não de pessoas”, afirma o entrevistado que também nega que o racha tenha acontecido por divergências sobre o posicionamento da Ubrabio em relação aos debates do novo marco regulatório dos biocombustíveis. “Esse assunto sequer foi citado durante a reunião de sexta-feira”, prossegue.
Ainda não existe um direcionamento de como esse grupo de dissidentes vai se organizar de agora em diante. Mas Montanheiro não descarta a possibilidade de que eles formem uma nova entidade representativa para o setor. “Ainda não foi marcado nada, mas acho que é até natural que marquemos um encontro para os próximos dias. Pelo menos, é o que a Bionasa espera que aconteça”, sinaliza.
Já sobre a possibilidade de uma nova recomposição com a Ubrabio, Montanheiro classificou como uma improbabilidade. “Haja visto que os objetivos que desejávamos não foram os que seguiram em frente, eu acredito que um retorno à Ubrabio seja um pouco difícil para a Bionasa”, diz acrescentando que o fato da entidade estar discutindo um novo estatuto nesse contexto indica que a organização está se preparando para seguir com sua vida.
A Ubrabio foi procurada diversas vezes ao longo do dia, mas não respondeu aos pedidos desta reportagem. A única manifestação ocorreu pelo twitter oficial da entidade no final da tarde de hoje, onde ela enviou link para a nota oficial divulgada na sexta-feira em seu site.
Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com